quinta-feira, 24 de junho de 2010

Imaginário - Uma Mulher

















Uma mulher me sorri
com doce expressão na face
como se me amasse
no seu doce afagar e rir

Olho-a ali
como quem mira um pássaro,
que busca no regaço
seu ninho construir.

O seu interior é sólido feito aço;
discreta, movimenta-se com delicadeza
e vejo sua beleza -
no imaginário que faço.

Conheci-a em Prevé–pássaro;
Proust–chá de tília e Trotsky em prosa: é Rosa.

Juscelino V. Mendes

A conexa leitura de Proust, Prevé, Marx e Luxemburg inspirou-me alguns versos desconexos neste soneto...
Imagem: http://pt.wikiquote.org/wiki/Ficheiro:Rosa_Luxemburg_ND5.JPG
 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bloomsday

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Um dezesseis de junho,
Em punho,
Meu saber infante:
Humano infamante.

Dublin colorida,
Joyce em sua guarida,
Ulysses seminal:
Saber genial.

Um jovem artista,
Quando eternamente
Bloomsday.

Juscelino V. Mendes




sábado, 12 de junho de 2010

I n t e r i n i d a d e s






Aqui chove.

Aqui esfria.

Minh´ alma, todavia

Canta.

Sente tuas mãos ternas

Em suas interinidades...

Juscelino V. Mendes





As distâncias e as impossibilidades são sentidas em grau máximo nas chuvas, no frio e nos ventos, mas se há amor, a alma se aquece, ainda que nessas circunstâncias.
Vídeo do youtube - Miles Davis & John Coltrane - Kind of blue

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Metamorfose





















Esgar de ordem definitiva.
Queda para a escuridão de
lago sem lua e sem estrelas.
Água infamante salobra,
de amargor eterno.
Para o caminhar no brilho de estrela fugaz da manhã¹,
que caíra com a chave em suas mãos
manchadas de sangue
no poço do abismo.
Absinto.

Cedro disforme
:
ramos secos,
ramagem rala,
sem aves nem sombras.

Descoberta.


Transformação kafkiana
² :
desconfiança, desonra, medo, inveja,
suor de lágrimas de não-ser.

Monstruosidade rastejante

no alimento do dia seguinte,
deixado que fora no deserto.

Ser ou não ser – Hamlet?
³

Animal que se comove com a

Metamorfose da criação e
Se depara com a clausura da vida.

As folhas caem no jardim de Deus.


Necessário o
fiat lux 4 .
Conserto para um Concerto?
Concerto para um Conserto...
Sinfonia 42 de Mozart?! 5


Cordeiro imaculado.

Imolado.
Triunfante.
Resplandecente
Estrela da manhã 6.
Lume da razão.
Definitiva neve na alma.
Para o caminhar em ruas de ouro,
em meio aos cantos celestiais.
Para sempre.

Alfa e Ômega.

Juscelino V. Mendes

1.Alusão a Satanás, inimigo de Deus e dos seres humanos (Isaías 14:12,13).
2.Alusão ao romance de Franz Kafka, “Metamorfose”.
3.Alusão à famosa frase do personagem de Shakespeare.
4.Faça-se luz, ou haja luz.
5.Sinfonia N.42 em fá maior K.75
6.Alusão a Jesus Cristo, o cordeiro de Deus (Apocalipse 22:16).

A partir da Metamorfose de Kafka, o poema tenta revelar a situação do ser humano, demasiadamente humano, ainda que no caminho inverso ao delineado por Nietzsche. Seríamos todos Gregor Samsa? Nabokov, magistralmente, descreveu-nos a propósito de "Metamorfose". A Bíblia o fez completa e perfeitamente.
Fotografia: http://farm4.static.flickr.com/3230/2785073229_c2911313cf.jpg