domingo, 19 de fevereiro de 2012

As flores exalavam silêncio










"Gosto de olhar os túmulos,
na esperança de um dia
encontrar meu nome".

(Nelson Rodrigues)



As pessoas exalavam tristeza.
O espaço, maior que o destino,
Abarcava alguns em desatino
Estampando a dor em inteireza.


As flores exalavam silêncio:
De perfume acre,
Em lacre,
Fremiam no incêndio.

O ambiente abafado e triste
Lembrava-me a mim,
Com dedo em riste:

Agora você existe!
Amanhã será assim:
Real-mente triste.

Juscelino V. Mendes



Sobre a obra
Sempre que vou a um sepultamento, ou simplesmente à uma visita ao cemitério, penso e me lembro das palavras profundas de Nelson Rodrigues: "Gosto de olhar os túmulos, na esperança de um dia encontrar meu nome". Penso, sobretudo, na descrição do Eclesiastes 9: 9,10: "Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.". É a sabedoria das Escrituras Sagradas! Compus esse soneto no Cemitério Flamboyant, Campinas, por ocasião do sepultamento de um amigo.

Imagem:
http://1.bp.blogspot.com/-bxo11SgpKgE/T0EtlmdhMAI/AAAAAAAAAhU/QwhrsPnZf3I/s1600/1229471374_nelsonrodrigues.jpg

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