sábado, 29 de março de 2014

Chamar a atenção

O desconhecido juiz de direito ficou famoso. Os torcedores identificados, que invadiram o CT do Corinthians, mais animados para a invasão, agressão, e, quem sabe o assassinato, pelas ruas da capital paulista. Os torcedores normais que gostam de futebol, mais intimidados, mais desanimados, mais temerosos.

O juiz Gilberto de Azevedo de Moraes Costa, 33 anos de idade, da 17ª vara criminal de São Paulo, disse no final de sua sentença, ao mandar soltar os torcedores vândalos: 


Penso que o jovem juiz, sem nenhuma experiência das coisas da vida, aproveita-se de sua 'juizite', para o seu momento de glória, ao usurpar do poder, que lhe confere o Estado, vício fundamental descrito como pleonexia por Aristóteles ("Ações injustas são motivadas pela pleonexia"), e divertir-se às nossas custas, pago com nossos impostos, "jogando para a torcida organizada", agindo muito mais como um árbitro do que magistrado.

Talvez esse magistrado tenha dado ao povo uma boa ideia, qual seja, a de demonstrar a sua revolta como cidadão e apenas "chamar a atenção" do judiciário brasileiro: fazer com que os juízes honrem os salários que ganham fazendo, de fato, justiça.


Juscelino V. Mendes

quarta-feira, 12 de março de 2014

Servidão voluntária


O período mais aborrecido para mim é o mês de março, quando terei de entregar a minha declaração do imposto de renda e me lembrar que trabalhei no ano anterior, chamado de base, 4 meses só para o Estado arcaico, ineficaz e corrupto para lhe pagar o imposto de renda do ano todo, feito um servo útil. 


É lastimável o quanto se paga para viver no Brasil, sim, o quanto se paga para se 'hospedar' no Brasil, desde que se nasce, correndo todos os riscos inerentes a um país repleto de ladrões de todos os matizes. Isso sem contar os demais tributos! É incrível como Deus nos dotou a todos nós, os brasileiros de bem, trabalhadores, do dom da paciência e da sobrevivência, pois o que somos na verdade é isto: so-bre-vi-ven-tes! 

A minha imagem é aquela de que me dou conta de estar num falso paraíso (fiscal?) e tento procurar as saídas para fugir, mas a principal, e possível, é da Administração Pública, obstaculizada pela presença de gigantes horríveis e mal encarados, que não me deixam passar, porque sou escravo, porque sou servo. 

Na verdade, o que dói mais é não ter resposta para algumas das perguntas de Étienne de La Boétie (1530-1563), em sua obra "O Discurso da Servidão Voluntária": 


"De onde um só tira o poder para controlar todos?", 


ou, 


"A propósito, se porventura nascesse hoje alguma gente novinha, nem acostumada à sujeição nem atraída pela liberdade, que de uma e de outra nem mesmo o nome soubesse, se lhe propusessem ser servos ou viver livres, com que leis concordaria?" 

E me lembro daquele presidente gringo (Benjamin Franklin), outrora determinante, também, nessa ilha (hoje, o de outra ilha, esta real, é que dá também as cartas), mas que me parece acertada a sua frase: 

"Na vida, só existem duas coisas certas: os impostos e a morte". 

Vou aguardar, portanto, a segunda, para sair dessa ilha imaginária e nunca mais me aborrecer com essas coisas, muito menos com esses gigantes horríveis, corruptos e ineficazes.

Juscelino V. Mendes

sábado, 8 de março de 2014

A mulher

Nietzsche, pelo visto, não entendia de mulher, e talvez por isso tenha enlouquecido, ou por procurar entendê-la ao seu alvedrio, sei lá. Na verdade, é fato que, sem vocês, mulheres, o mundo seria terrivelmente chato, sem graça e solitário. Não acreditam que se possa morrer de solidão? Pois morre-se. Sem vocês, teríamos em nós o sentimento de um náufrago, embora alguns consigam, não sei como - e nem quero saber - navegar por águas turvas e iguais. Sem vocês, mulheres, a escuridão estreitar-nos-ia num abraço cúmplice e destruidor desde a infância. Então, que o brilho deste dia reservado testemunhe de Deus a sua grandeza criada: a mulher!
Beijos.



Juscelino V. Mendes

sábado, 1 de março de 2014

Dias de carnaval















Dias de carnaval:
culto a Baco e anestesia,
esquecimento da razão,
apolíneo açoite na fantasia
E a Suprema Corte andaval.

Ainda temos muito mais:
o rebolado das mulatas,
o povo sem educação,
escolas às baratas
e perenidade de nossos ais.




Juscelino V. Mendes