domingo, 18 de abril de 2010

Nas desigualdades de quimeras vãs


















Potentior est quam vox mens dicentis


E as baías são todas iguais
Nas desigualdades de quimeras vãs.
Tratamentos desiguais:

Por águas turvas e escuras
Que comunicam rios de leitos duros de pedra
Iguais ao Phlegethon, fonte de agruras

A suportar navios à deriva,
Sem Timoneiro que lhes possa conduzir
A ribeiros de água clara sempre-viva.

Hipocrisias de risos, de luzes, de cores
De espinhos cravados na alma
Que não vêm de flores.

E a Constituição diz não:
À indiferença, à intolerância, ao racismo,
Mas pouco vale se diz não o coração.


Juscelino V. Mendes

  1. A epígrafe: expressão latina, "A intenção de quem fala é mais poderosa do que as palavras".
  2. Phlegethon: esse rio é parte do rio do Inferno - "em silêncio chegamos ao lugar onde flui, saído da selva, um curso d'água cuja cor de sangue ainda me horroriza" - in Inferno, Canto XIV, 76-78 da Divina Comédia de Dante Alighieri.
  3. A Constituição Federal do Brasil, de 5/10/88, art. 5º, XLI, diz: "A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais".
  4. Fotografia - crédito: http://www.flickr.com/photos/christianny/428937710/

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