terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tentei pensar na dor





Tentei pensar na dor
da separação de filhos
nas circunstâncias de
Santa Maria.
Não consegui.
Há um bloqueio,
que me impede de pensar
nesse sentimento atroz
de partida inversa,
não natural,
cortante:
o rebento primeiro,
depois eu.
As filosofias de Epicuro,
de Lucrécio, de Sêneca,
não dão conta desse sentimento.
Nem mesmo a poesia de Dante,
em qualquer de seus três ciclos,
muito menos Santa Maria,
conseguirão arrancar do peito
de uma mãe, de um pai,
o aperto da perene ausência,
da fala nunca mais expressada,
dos gestos, outrora seguidos,
desde os primeiros passos,
dos cheiros, afetos, beijos,
agora apenas na mente,
nas lembranças,
corações,
em seus variados tons,
em sombras platônicas,
incompletas.
Só Deus,
para fazer os ajustes,
os aparos,
as amarras,
o consolar do humano inconsolável,
e tornar o que era vivência,
sobrevivência;
o que era riso,
sorriso;
o que era vida,
simples passagem,
à espera da partida,
para a vida eternal,
porque afinal,
não somos uma junção de átomos,

como ensinara Epicuro,
mas a imagem e semelhança do Criador,
Autor e Consumador de todas coisas!


Juscelino V. Mendes






segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Tragédia prevista e revista

Se há algo no Brasil, que funciona de forma bastante organizada, é o pre-aviso para as tragédias. Faz parte de nossa cultura o descaso, o péssimo uso do dinheiro público e o afã pela corrupção. Há uma banalização de tudo isso, especialmente quando são atingidos os pobres e miseráveis de Victor Hugo. Neste caso, em geral, as coisas continuam no mesmo estado de antes daquela tragédia específica e anunciada, porque pobres, porque iletrados, porque não sabem reivindicar, porque menos brasileiros...



Entretanto, há uma rapidez na mudança de entendimento, providências são tomadas de imediato, pessoas são levadas às barras dos Tribunais e Leis são aprimoradas ou instituidas, quando as classes superiores são atingidas nessas tragédias, a exemplo dos argentinos em 2004

Infelizmente, uma quantidade enorme de jovens bem nascidos em um Estado rico de nossa Federação precisaram morrer cruelmente, para que esse estado de coisas tenda a mudar em nosso País e as pessoas todas sejam devidamente respeitadas, bem nascidas, ou não.

A hipocrisia e as mentiras saltam aos olhos neste momento de desespero e agonia. Autoridades públicas (ir)responsáveis declaram sempre nada que ver com o problema e que cumprem as Leis. O discurso é sempre o mesmo.

No caso de Santa Maria, os pirotécnicos da banda "Gurizada Fandangueira" são, talvez, menos culpados do que os pirotécnicos fiscalizadores, em todos os sentidos, do Poder Público, mas estão sendo levados para a prisão, como se isso minimizasse o sofrimento das famílias enlutadas.

Na realidade, os que deveriam estar em prisão, de imediato, são aqueles que estavam fora daquele inferno em chamas e fumaça tóxica: os proprietários da "Boate Kiss", promotores do evento, fiscais, políticos próximos e distantes, que raramente se preocupam com o tratamento recebido pela população em geral, mas, sim, com o seu bem-estar e de seus parentes e amigos.

É bem provável que mudanças pontuais e radicais ocorram brevemente - e tomara que sim - em razão desta última desgraça nacional. Este é o Brasil das modernas arenas para a copa do mundo de 2014. O Brasil, feito a poesia de Cazuza, ainda precisa, de fato, mostrar a sua cara!


Juscelino V. Mendes

sábado, 26 de janeiro de 2013

John-John-John
















John Mitchell,
          guerra suja,
          alimenta a 
          limpa guerra 
John Lennon,
          que ativara 
          à liberdade 
John Sinclair
         do kafquiano sistema
         infernal. 
         Yeh,
         Yeh,
         Yeh!...


Juscelino V. Mendes


Imagem - fonte: http://br.freepik.com/vetores-gratis/john-lennon_549956.htm

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A verdade em Platão

Por Roger-Pol droit

"A verdade, para Platão, não se encontra nas sensações, que, 
de um indivíduo para outro, sempre mudam e muitas vezes
se contradizem.

Ela reside, eterna e imutável, no mundo das ideias, onde os
filósofos podem contemplar as formas verdadeiras.
A tarefa dos filósofos se torna, então, a de transformar a
sociedade para que ela se conforme a esse modelo ideal.

Aristóteles, aluno de Platão, se opõe ao mestre em quase
todos os aspectos de sua concepção da verdade.
Negando a existência do mundo das ideias.
Procurando conhecimentos verdadeiros na observação das
realidades que temos diante dos olhos.
Integrando as lições da experiência.
Inventando as ciências naturais.
Entre outras coisas mais...".


















A verdade,
Crua e fria,
Independente de idade,
E da Filosofia,
Escancara a maldade
E manda às favas a hipocrisia,
Com Platão, ou Aristóteles, eis a verdade!


Juscelino V. Mendes