quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Meus sonhos


Salgueiros já espalham a paina
Sem que tu no entanto retornes.
Rouxinóis emudecem,
flores enlanguescem.
Meus sonhos em vão se perdem
Na festiva cidade de inúmeros prazeres!


Peônias contemplo sob a chuva serena.


Juscelino V. Mendes

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Fincar no amor


(Dante para Beatriz)


Bato à porta fechada
de teu coração,
sem que o invada,
apenas o acaricie e o afague,
e não é só desejo do afeto,
que está além do poder de controle.
Mais que o eufemístico gostar
é fincar no amor maduro quase inverno,
nascido em tua primavera de flor cintilante,
guardada em muro semiaberto a exalar o aroma
que o atravessa e me entontece.


Variante e síntese da poesia de Dante, in A Divina Comédia.




Juscelino V. Mendes







domingo, 14 de dezembro de 2014

Vésper

Tarde de domingo
vésper cravada a frio
lado direito da lua
arte crescente em pleno céu
e dezembro passado a limpo
meu balão
fulgurante
arde enquanto espero.



Juscelino V. Mendes

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Leveza

Na leveza de um balé,
entregues ao compasso,
sincronia,
sorrisos de mel,
sentidos aguçados,
cheiro,
gosto,

éramos um...



Juscelino V. Mendes

Dalí de Espanha


As iluminações
Dalí de Espanha
Iluminaram os quadros



Juscelino V. Mendes



quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O mensaleiro-mor

Laços de morte


Os jornais dão conta que o mensaleiro-mor, cujo nome evito pronunciar, por me causar asco, passará para o regime semi-aberto. Deveriam abrir de uma vez os portões da cadeia e acabar com essa farsa. Eu digo sempre aos meus alunos de Direito, que a denominada Justiça no Brasil foi feita para os pobres. E se negros, ainda mais. Quem produz as leis é exatamente quem detém o poder, a verdadeira "Elite". A prisão dos mensaleiros foi apenas um fazer de conta. Fazer de conta este, que os trará para o ápice do heroísmo dos malfeitores. Estamos cercados no Brasil por gente da pior espécie no mundo: na política, na justiça e nas ruas a nos assaltar com todas as formas de violência. E ainda pagamos por tudo isto, que vem embrulhado num pacote com laços de morte.



Juscelino V. Mendes

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Outro "imposto" denominado corrupção

Os pobres pelos impostos indiretos; os "ricos", pelos diretos




E continuaremos, "ricos" e pobres, pagando TRIBUTOS cada vez mais escorchantes. Os pobres, pelos impostos indiretos (mercadorias e serviços, cujos preços são iguais para todos, independente da condição social - COFINS, IPI, ICMS, IOF e PIS, sobre os alimentos etc.).



Os "ricos", com melhor poder aquisitivo, pelos impostos diretos: são aqueles impostos que incidem direto sobre a renda, tanto para pessoas físicas, quanto para pessoas jurídicas, como o Imposto de Renda.

Em linguagem simples, trabalhamos em média 4 meses por ano só para pagar tributos, como escravos de um país próximo do comunismo, sem retorno no essencial (Educação, Saúde, Segurança...) para a vida em um país decente, já que temos de pagar em duplicidade por essas coisas, como os planos de saúde, educação, seguros etc.).

Vivemos um verdadeiro "Carnaval tributário", no dizer apropriado de Alfredo Augusto Becker. E assim estaremos por mais 4 anos de lambança, sem esperança! As coisas vão piorar, porque, sobretudo, o nosso Estado cobra, por fora, um outro 'imposto' denominado CORRUPÇÃO!


Juscelino V. Mendes

domingo, 26 de outubro de 2014

Ditaduras - Militar e Civil

Qual é a diferença entre ambas?



Combati ainda jovem, por puro idealismo, uma ditadura militar violenta, pseudo-democrática, torturadora, anticomunista, corrupta, que matava às escâncaras; combato hoje outra ditadura pseudo-democrática, civil, comunista, violenta, raivosa, que mata no silêncio das ideias e, com um sorriso nos lábios, tenta se locupletar do que não lhe pertence, sejam os bens, sejam as consciências das pessoas. Qual é a diferença entre ambas? Desta última, pelo voto, podemos nos livrar. Livremo-nos, pois!



Juscelino V. Mendes

sábado, 25 de outubro de 2014

As pesquisas...

Intenção de voto

Espero que essas pesquisas, realizadas pelo método indutivo, que projeta para o futuro, a partir de alguns dados do presente, errem de novo. Lendo os depoimentos do doleiro entendemos por que o PT defende tanto as estatais. Não é por ideologia política, mas por serem essas estatais minas de dólares para as suas campanhas políticas, enriquecimento ilícito de seus líderes e perpetuação no poder. Esses são os verdadeiros entreguistas do Brasil! A continuarmos com essa gente, logo seremos uma Argentina, apenas maior e de língua diferente.


Juscelino V. Mendes

sábado, 11 de outubro de 2014

As Cinco Medidas de Rousseff

Desespero eleitoral


As cinco medidas apresentadas pela presidente, Dilma Rousseff, não passam de falácia! Todas já existem no corpo de leis penais do Brasil. Retornou a seu horário eleitoral a falar sobre a Polícia Federal como se fosse sua, e não do Estado. Quem produz prova sobre funcionários corruptos de seu governo é o Ministério Público e quem manda prendê-los é a Justiça. A Polícia Federal, cumprindo os mandados dos juízes, encontra-os e prende. Ela engana a nação com esse desespero eleitoral. Na verdade, o PT bem que gostaria de concentrar os três poderes em um só, mas não pode, porque existe Constituição neste país.


Juscelino V. Mendes

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Poder pelo poder

Fantástico país


Quando se quer o poder pelo poder. Quando se considera o povo apenas um detalhe. Quando se diz "Fora!", só por que se deseja estar dentro no lugar do outro, o tempo se encarrega de clarear as ideias de quem acompanha a história e nela se insere como cidadão-cidadã que religiosamente paga os seus impostos e colabora na construção deste fantástico país. A despeito desses, feito Collor, Sarney, Lula, Dilma e de outros tantos da mesma espécie!

Juscelino V. Mendes

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A ECT E O PT

Não tem ideologia política melhor ou pior



A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa pública, outrora digna de confiança e de exemplo, vem, há alguns anos, tristemente, servindo de ninho do PT, para o seu 'cabidão' de empregos e suas manobras políticas em detrimento dos adversários políticos e, por consequência, da população em geral. Jamais vimos nesta República um partido tão poderoso, deletério e pernicioso quanto este. O PT é a ARENA (E o seu sucessor PDS) dos novos tempos. O PT à esquerda, a ARENA à direita, o que demonstra que corrupção, má-fé e uso da máquina pública distante da população, não tem ideologia política melhor ou pior. Tem-se a luta do poder pelo poder.


Juscelino V. Mendes

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Que é ser socialista no Brasil?

Cumprimento do art. 3º da CF/88



Ser socialista no Brasil é receber um bom salário, de preferência de empresa pública, ou privada, pouco importa, ou desfrutar de alguma posição na sociedade, que dê ao individuo uma boa condição de vivência, com um bom tempo nas horas de folga para se regalar com as boas coisas da vida, e, sobretudo, manter os pobres bem longe e entregando-lhes um adjutório (como dizia minha querida e finada avó, Ana Maria), para que  se sintam inseridos de alguma forma nesta sociedade consumista, vaidosa e egoísta. O socialista brasileiro não quer saber desse negócio de distribuição igualitária dos bens para todos; reforma social, centralização do poder nas mãos de um único partido, um "Partidão", como sonha o PT, implantação de um sistema forçado de redistribuição de renda (o que era só seu, agora também é meu, tá ligado? - Algo assim, que os bandidos de nossas ruas conhecem muito bem) etc. É uma espécie esdrúxula e estúpida de ser um real capitalista com o descaramento e a cara de pau pintada com o socialismo jamais vivido, nem conhecido de fato, felizmente. A social democracia, com o cumprimento honesto do artigo 3º da Constituição Federal de 1988, é o que seria relevante e bastaria para um país decente.



Juscelino V. Mendes


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A Petrobrás e a Polícia Federal

A Polícia Federal é do Estado e não de governos


Gostaria de esclarecer algo importante aqui a respeito da Polícia Federal, que a presidente Dilma Rousseff, seguindo seu mestre mor, Lula, gosta de dizer, passando a ideia de que as investigações realizadas pela PF seja uma demonstração de isenção de seu governo na busca dos corruptos estejam aonde estiverem. Na verdade a PF é polícia do Estado que, por determinação Constitucional (Artigo 144 da CF/88), é permanente, independe de governos, embora seu departamento pertença ao Poder Executivo e subordinado ao Ministério da Justiça (Decreto 6.061/2007), o que não significa dizer que suas investigações possam ser controladas pelo Executivo, a seu talante. O Estado brasileiro, através do Legislativo, faz as leis, mas nem por isso está acima delas, como exemplo. Só pode o que a lei disser que pode. Então a senhora presidente está, no mínimo, equivocada, quando diz:


“E quero dizer mais: o governo tem tido em relação a essa questão (investigação da Petrobras) uma posição extremamente clara. Aliás, foram órgãos do governo que levaram a essa investigação. Foi a Polícia Federal, não caiu do céu. O governo está investigando essa questão” (pela TV e mídia em geral hoje).





Não foram, senhora presidente, órgãos do governo, mas órgãos do Estado, que estão investigando essa podridão na Petrobrás, empresa que já foi considerada e respeitada internacionalmente e agora descoberta com um ninho de ratos de variadas cores políticas da pior espécie, a nos roubar às escâncaras.


Juscelino V. Mendes

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Marina Jânio da Silva Roussef

Contrariando Voltaire



Marina Silva é uma versão aparentemente light de Dilma Roussef, mas, não se iludam, ambas seguem a mesma e velha cartilha do PT de Lula, Marilena Chauí e companhia, sendo Marina tão truculenta, com ideias ortodoxas tão firmes, quanto a atual presidente da república. A situação político-econômica brasileira será agravada, caso Marina ganhe essas eleições, porque teria grandes partidos históricos contra ela no Congresso, recheados de gente do quanto pior melhor. Imaginemos, por exemplo, o PT como oposição e magoado com uma perda de poder! O caos se instalaria e o resto de democracia que temos iria para o ralo, especialmente com a conversa de Marina sobre a tal de "democracia participativa", ou seja, governar com a participação do povo, que geralmente fica perdido e esperando que os governantes façam, inclusive, a sua parte. Já tivemos a mesma conversa no final da década de 50, com o estranho e esquisito Jânio Quadros, que, por coincidência, também era Silva e (des) governou apenas por oito meses (31/01/61 - 25/08/61) um Brasil corrupto e tão esfacelado na política quanto agora. Truculento, irônico, solitário, Jânio da Silva esperou que o povo, através da "democracia participativa", o mantivesse no poder. Sabemos no que deu: na malfadada e horrenda malditadura militar. Como diria Voltaire "Quando o povo começa a refletir, tudo está perdido.". Enfim, brasileiros gostam de emoções e do "vamos ver no que dá". Podemos pagar muito caro, como já pagamos com o esquisito da Silva e com o tresloucado e emocional Collor, se não refletirmos antes que tudo esteja perdido, contrariando Voltaire. Assim, penso que a nossa saída dessa situação, seja a eleição de Aécio Neves, que tem experiência para trabalhar com equipe competente no executivo e bom trânsito político no Congresso, por suas excelentes atuações no legislativo brasileiro.


Juscelino V. Mendes

terça-feira, 26 de agosto de 2014

As crianças indígenas em Buenos Aires

Trabalhei por um bom tempo em Buenos Aires. Certo dia, após um bom café logo de manhã, dirigi-me até a garagem do hotel e peguei o automóvel para minha curta viagem de quinze quilômetros, até o escritório da empresa num bairro industrial da bela cidade portenha. À saída do hotel, não pude avançar além do portão lateral. Havia em parte daquela avenida, justamente defronte ao hotel, mais de cem crianças na faixa etária de 7 a 12 anos, mestiças, olhos vivos, belas, sentadas em carteiras velhas, compenetradas, disciplinadas, organizadamente dispostas e enfileiradas. Uma cena no mínimo inusitada. Retornei com o auto e o coloquei na vaga donde o retirara minutos antes. Curioso, fui até o professor que ministrava a sua aula para aquelas crianças interessadas e atenciosas. Perguntei se podia me responder o que significava aquela aula naquele lugar jamais apropriado para a ministração de uma aula. Ele, todo solícito pediu que as crianças o aguardassem por uns instantes, enquanto me explicava as razões daquele protesto: havia bom tempo que aguardava que as autoridades locais fizessem o serviço de manutenção em uma escola a 50 metros dali, que permitisse às crianças um mínimo de condições para o seu aprendizado. Como ninguém se dispusera a atendê-lo, resolveu parar o trânsito e ministrar as suas aulas ali mesmo, até que fosse atendido em suas reivindicações. O mais interessante foi a sua resposta, quando o indaguei sobre a que seria atribuído tal descaso público: "eles são mestiços, índios, considerados gente de segunda classe neste país.". Fiquei ao longo do dia a pensar naquela situação, naquele protesto tão bem articulado, com aquelas crianças consideradas menores na sua estatura moral, por causa de sua extraordinária e bela raça. As flechas contra o preconceito, a ser enfrentado ao longo da vida, estavam sendo afiadas desde cedo!


Juscelino V. Mendes
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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Nota de pesar

Antes da morte de Eduardo Campos, o PT o execrava, como um traidor, mimado e outros adjetivos desairosos; agora, morto, declaram-no como um homem que fora comprometido com o social e amigo do partido, em sua nota de pesar. O mais odioso em tudo isso é, primeiramente, o banal significado da morte de um ser humano para essa gente; o segundo, e de conseguinte, aproveitar-se disso para se "locupletar" dos votos que seriam depositados, nestas eleições, ao candidato tragicamente falecido. O Brasil está cada vez mais pobre de gente que pense o bem do outro, da comunidade, do País.


Juscelino V. Mendes

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Legisladores doentes

"Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida."

(Habacuque 1:4 - A Bíblia)


Está tudo torto neste país. Pessoas de bem, doentes, não encontram vagas nos hospitais brasileiros, com a mesma facilidade que marginais torcedores (des)organizados encontram, quando se quebram nas ruas antes, durante e após os jogos. A assistência prestada àqueles selvagens ontem em Santos custou nosso dinheiro, proveniente de nossos tributos. A conta deveria ser enviada para cada um deles, cujos endereços são sobejamente conhecidos. Nossas leis são frágeis, porque nossos legisladores, que as produzem, são, em expressiva quantidade, interesseiros, incompetentes, ignorantes e corruptos.



Juscelino V. Mendes


sábado, 9 de agosto de 2014

Canto da noite









A luminosidade
encerra o fulgor
de um canto da noite,
a penetrar o seu véu
inconsútil,
em clarão estelar.



Juscelino V. Mendes






O amor não é dado

Enganam-se aqueles que pensam que o amor
é algo que aparece do nada,
de sensações místicas,
meramente emocionais.


Estou com Lucrécio, que
entende que o amor nasce
de um tempo compartilhado,
de uma construção.

Lição, portanto, de Lucrécio:

"O amor não é dado,
é construído."



Juscelino V. Mendes




sábado, 2 de agosto de 2014

REQUIESCANT IN PACE

REQUIESCANT IN PACE ¹


"Vaidade, ó vaidade, tua vitória!"
Finnegans Wake ²


Réplicas de mansões lordes
habitadas por fantasmas
de cavalheiros e damas
outrora nobres:


Próceres Senhores,
Senhoras e Brigadeiros
Políticos, Guerreiros,
Generais e Doutores,


desfilam gloriosos
preocupados em não
ser esquecidos por mundo vão.
Monturos suntuosos...


Não há Jorge Luis ³ 
nesse lugar de trevas,
recordo de almas primevas
como ele mesmo quis.


Não há negros alados,
nenhum guerreiro indígena,
de sua própria terra alienígena;
lázaros considerados.


Na capela, de estilo clássico com
quatro colunas de ordem jônica,
há um Cristo que dá a tônica,
mas não transcende o próprio tom


em mármore de Carrara, 4
pois, ao morrer na cruz,
o Verbo Divino, Jesus,
o tempo na eternidade fundara. 
5


Caminhando por ruas
estreitas nesta cidade
de máscara da realidade,
vejo pessoas nuas


que me olham com olhar
de mármore; de sonhadores
pálidos em meio às flores
que enfeitam o lugar


de salas lúgubres e odores
sagrados; faces da mesma
solidão que ensimesma
a noite e o dia dos atores.


Admiram-se em silêncio
sem eco e em contemplação;
perfeita recordação
daqueles que se movem no incêndio.


Desejam um fáustico pacto? 6
Que os belos mausoléus desse lado norte
captem a morte,
transformando-a em arte num acto?


Dorian Gray ficara atormentado
com a perda da juventude
na glória de toda a sua magnitude
ao mirar-se em retrato pintado. 
7


E aquele perfume do outro mundo
me inebriava com aperfeiçoada
sensibilidade naquela calçada,
acrescido de não sei quê nauseabundo.


Por instantes, quimeras!
Há um céu que me fita incomensurável,
marcando no tempo a vitória do Imutável:
Gigante, Forte, Soberbo em todas as eras.


Então, sob o sol norte, que me esquentava
a alma, preferi admirar a arquitetura
móvel das nuvens - cuja estrutura
entretinha meus olhos - e pensava:


"Ah! doce perfume do dia!
Prolongue-se e banhe minh´alma
neste rio almejante de vida calma
e torne ao meu ser a doce fantasia..."


Caminho para outra Ricoleta, 8
onde a vida é grassa,
feito a crisálida que passa,
desiderato do ser borboleta.
Requiescant in pace9

Juscelino V. Mendes


¹ Inscrição na parte superior do pórtico do Cemitério da Ricoleta: “Descansem em Paz”. Cemitério da cidade de Buenos Aires, situado ao norte da cidade originária. Deriva seu nome do antigo convento dos recoletos franciscanos, contíguo à igreja de Nossa Senhora do Pilar, onde até poucos anos teve sua sede o asilo de anciãos “General Vilmonte”. Na época de Rivadavia, o edifício chamado de Ricoleta foi destinado a cemitério público. Fundou-se em 1822 e se denominou Cemitério Norte.
² Título da obra de James Joyce. Escritor irlandês (Dublin, 1822-Zurich, 1941).
³ Escritor e poeta argentino, Jorge Luis Borges (1899-1986). Os últimos versos de seu poema “La Recoleta”, dizem: “Aquí no estaré yo, que seré parte del olvido que es la tenue sustancia de que está hecho el universo.”
4 Cristo em mármore de Carrara, de uma só peça, obra do escultor italiano Giulio Monteverde, 1837-1917.
5 “...Portanto, lembrai-vos de que vós outrora éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão, feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Pois Ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um, destruiu a parede de separação, a barreira de inimizade que estava no meio, desfazendo na sua carne a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, matando com ele a inimizade.” Carta de Paulo aos Efésios – 2:11-16.
6 Referência ao pacto proposto por Fausto, criação filosófico-poética do Poeta alemão Goethe, Johann Wolfgang (Frankfurt do Meno 1749-1832).
7 Referência ao romance “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde (Dublin, 1854-Paris, 1900), escritor inglês de origem irlandesa. O pintor Basil Hallward retrata numa tela a beleza do jovem Dorian Gray. Este passa a atormentar-se com a perda da juventude, formulando então, um desejo fáustico: quer permanecer belo e jovem, cabendo ao retrato captar o envelhecimento. O pacto logo revelará sua face trágica, e a questão da imortalidade assumirá fundo moral: a vida deve se transformar numa forma de arte?...
8 Referência ao belo bairro nobre ao norte da cidade de Buenos Aires.
9 “Descansem em paz"

Tristeza em estado puro

Sonhei esta noite
que morri sem tempo
de me despedir
dos entes queridos,
nem dos amigos.

Tristeza em estado puro.
Senti saudades,
Senti frio.
Ainda chorando 
acordei, 
com a sensação de um corpo 
que acabara de reencontrar a sua alma.



Juscelino V. Mendes






quarta-feira, 30 de julho de 2014

Religião













Religião,
Só atividades eclesiásticas,
Conversas fantásticas,
Não salvam ninguém!
Mas a ação, sobretudo,
O amor!...
Eis, segundo a Bíblia,
A verdadeira Religião...


Juscelino V. Mendes

terça-feira, 22 de julho de 2014

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Rubem Alves - Teologia


Eu sempre soube dividir as posições científicas, filosóficas e teológicas das pessoas. Muita gente boa que conheço não sabe fazer isto e desdenha e desmerece a outra, simplesmente porque não professa a mesma fé que a sua. Eu tenho amigos que tem fé diferente da minha, e alguns deles que são até ateus, mas nem por isso deixo de enaltecer as suas qualidades extraordinárias, sobretudo como pessoas honradas, éticas, produtivas e respeitosas. 

Rubem Alves, embora dissesse muita verdade a respeito de cristãos e igrejas, não professava a mesma fé bíblica que eu, mas nem por isso deixei de admira-lo como pessoa humana maravilhosa, intelectual de capacidade ímpar e de ler os seus textos extraordinariamente bem escritos, nem, muito menos, a execrá-lo por conta de suas posições teológicas contrárias às minhas. Temos outros bem menos qualificados intelectualmente no nosso meio batista, por exemplo, e com posições estranhas a respeito do evangelho, mas que são ovacionados em nossos congressos como fantásticos teólogos. Rubem Alves era mais honesto, portanto. 

Há exatos doze meses, depois de assistir a uma palestra sua, sobre teologia, escrevi, triste, este poeminha, como um breve retrato de um poeta enfermo:



A-deus


(p/ Rubem Alves)

Sou quem sou,
Mas não sei.
Partir-me-ei,
E de quem sou?
Não sei...
Minha teologia vai contra a maré;
Minha humana filosofia é o que me resta.
Acabei a carreira e é o que me presta.
Na minha velhice, pergunto-me, se algum dia tive fé!

A-deus!...



Juscelino V. Mendes
http://juscelinomendes.blogspot.com.br/2013/07/breve-retrato-de-um-poeta-enfermo.html

domingo, 20 de julho de 2014

Rubem Alves - Paz e doçura ao seu sono!

Hoje fui me despedir de meu amigo Rubem Alves, que já não estava lá, porque sua alma já se fora. Vi apenas seu corpo inerte, corrompido pelas marcas do tempo e labutas da vida. De suas labutas e reflexões pretéritas ficaram coisas belas: filosofia, romance, ciência, e, sobretudo, poesia. O dia ficou cinzento, embora houvesse sol; ficou com jeito de chuva, embora o céu estivesse com o seu azul intenso. Paz e doçura ao seu sono, e, ao acordar, que se sinta, como ele mesmo dizia, "um barco desamarrado do cais"!

NÃO SEREI MAIS

Não serei mais
Acontecerá num voo qualquer,
automóvel,
guiando ou guiado,
pedestre
numa desatenção,
pensando no primeiro movimento
“Trois Gymnopedies” de Satie?...

Numa explosão no mar,
batida brusca,
um leve desaparecer,
lendo, escrevendo
um livro, cujas linhas sumirão
feito névoa?

Não serei mais
nada
quando ela chegar;
não será mais
nada
quando eu me for.

Contudo, estarei além do rio
em ruas de ouro
para sempre.




Juscelino V. Mendes

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Por que você está triste, Daniel?




Eu escrevi no dia 16 de junho, a propósito de um jogo do Brasil, ainda na fase de grupos da Copa do Mundo 2014:

"Seleção emotiva, que não resistiria a racional alemã." 


E resolvi escrever hoje depois um brevíssimo diálogo, com um garotinho lindo e cheio de sonhos:


Perguntei ao meu neto de 3 anos: 


"Por que você está triste, Daniel?" 

__"Porque o Brasil só fez 1; e o outro, um monte! Um monte!..."


Essa sensação de uma criança nos dá a exata dimensão do quanto essa derrota humilhante para a Alemanha nos entristeceu. Tivéssemos perdido esse jogo por um placar diminuto, jamais enfrentaríamos os nossos verdadeiros problemas estruturais tão visíveis para quem quiser enxergar o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues.

Em tudo podemos, querendo, extrair algo de positivo: a empáfia reinante no futebol brasileiro, parece, foi embora de vez; o técnico "pega-pega!" emocional, nunca mais!

Esse tipo de profissional não deveria ter mais lugar em nossos clubes e, muito menos, na seleção brasileira. Que não seja, amanhã, a nossa esperança uma esquivança.

O técnico de segundona escalou jogadores perdidos em campo, com um meio campo frágil e desnorteado pelos alemães. Em entrevista, ao final da partida, disse o técnico brasileiro que tanto fazia perder de 1, quanto de 7, é a mesma coisa. Ora, talvez tivesse imaginado uma partida de futebol de salão. Então devia ter convocado o craque Falcão!


Esse arremedo de seleção devia ter perdido nas oitavas de final: poupar-nos-ia de tanta vergonha e descalabro.

Neymar foi poupado dessa humilhação. É Ligar para o colombiano, que o retirou de campo, com aquela falta criminosa e agradecer. Esses jogadores da seleção voltam para os seus clubes e contas bancárias recheadas de euros, feito o Daniel Alves, que, na entrevista, na linha de seu técnico, parecia ter assistido a uma derrota qualquer. 

E nós, torcedores? Ficaremos com a vergonha nacional e as belas arenas superfaturadas. O positivo de tudo isto é que só poderão culpar a Alemanha por essa falta de respeito e consideração em nossa própria casa. Aliás, a Alemanha foi educada, porque "tirou o pé", como dizemos na linguagem do futebol, e não nos aplicou uma goleada ainda mais humilhante.

As coisas só se modificam no Brasil, em todos os sentidos, quando há uma catástrofe. É assim também no futebol, que faz parte importante de nossa vida social. Acredito que esses sete gols da Alemanha nos farão muito bem, para que algo aconteça de positivo, desde a saída de dirigentes interesseiros, para dizer o mínimo, a mudança de princípios na mídia e permitam que a maioria dos torcedores brasileiros, de fato, divirtam-se.

Há, na realidade, um vazio disfarçado no excesso. E um clamor deveras exposto no silêncio, hoje, de quem imaginava pertencer a um País do Futebol, como sempre aprendemos desde a infância.

A loucura do poeta alemão Friedrich Hölderlin é tão encantadora quanto os labirintos do fantástico argentino, Jorge Luis Borges, e me fazem refletir à exaustão. A loucura dessa vitória alemã sobre a nossa seleção só será amenizada se a seleção argentina não ganhar esse mundial. Aí será demais!

Dizia C.S.Lewis: "Não deixe sua felicidade depender de algo que você possa perder". Lembrei-me desta frase sábia para diminuir a minha chateação e animar o meu neto.

Há um delírio prazeroso em olhar para o passado e indagar a si mesmo: "O que teria acontecido se...?". Dessentido prazer, pois, este de vivermos das coisas pretéritas e imutáveis.


Juscelino V. Mendes


segunda-feira, 30 de junho de 2014

terça-feira, 20 de maio de 2014

Ayrton Senna

A bela cena,
revive a vitória
na Amazônia arena
de fantástica história,
e veloz passagem de Ayrton Senna.





Juscelino V. Mendes

O aroma do prazer

(P/ Carmelita Mendes)

A linguagem da flor é a forma viva,
falante,
ao talante do querer,
toda a seiva que anima
a marca de suas pétalas.
Tudo o mais é lembrança
do outrora menino,
faceiro, malino.

Hoje de tarde tomei o teu café
de histórias,
que o tempo guarda,
com o aroma do prazer.




Juscelino V. Mendes

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Uma criança

(Para Sophia Elena, Daniel e Ana Laura)

Uma criança que nos é presente,
não é só lembrança de quem somos,
de nossa efêmera existência,
mas da esperança de que nela
seremos depois do último sopro definitivo;
de nossas mãos apagadas para a ternura,
para o afeto, para o amor.
Nela nos sabemos mais humanos,
menos egoístas,
em cada choro, sorriso,
repulsa, carinho,
aparentes contradições;
demonstrações singelas da vida em flor,
que nos apontam para a infinitude e beleza do ser,
feito fios tecidos e fusionados de existência,
lembrança, esperança e graça,
até que atravessemos o rio
e tudo recomece.
Ecos da infinita
Harmonia de Deus.




Juscelino V. Mendes

(02/05/2014, por ocasião do nascimento de Ana Laura)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Metamorfose

Sobre o meu poema pascal:


A partir da Metamorfose de Kafka, o poema tenta revelar a situação do ser humano, demasiadamente humano, ainda que no caminho inverso ao delineado por Nietzsche. Seríamos todos Gregor Samsa? Nabokov, magistralmente, descreveu-nos a propósito de "Metamorfose". A Bíblia, de forma completa e perfeita.

METAMORFOSE

Esgar de ordem definitiva.
Queda para a escuridão de
lago sem lua e sem estrelas.
Água infamante salobra,
de amargor eterno.
Para o caminhar no brilho de estrela fugaz da manhã¹,
que caíra com a chave em suas mãos
manchadas de sangue
no poço do abismo.
Absinto.

(...)

terça-feira, 8 de abril de 2014

Cena urbana

Cena urbana
- cair da tarde
paralela à movimentada avenida,
a persistência na vivência antiga e
calma de tempos idos;
em meio à fumaça branca,
monóxido de carbono
e barulho de automóveis potentes -

Indiferença. 

Mas:

Um galo quis bicar meu celular,
enquanto o outro
brindou-me,
e encantou-me,
com seu belo canto!



















Juscelino V. Mendes

Triste educação brasileira

A mídia noticiou de um professor, que em lugar de ensinar quer chamar a atenção.

Qualificar o tal professor do ensino médio em Brasília de "professor de filosofia", é um acinte à Filosofia; aceitar a sua maluquice e comparar isto à ironia de Sócrates, como fez um professor da Universidade de Brasília, é um desrespeito a Sócrates, à Filosofia e ao conhecimento científico.

O Brasil tem cada coisa!

("É sério isso?" - pergunta a aluna no papel chamado de "prova"). 


Tristes trópicos. 
Triste educação brasileira.


Juscelino V. Mendes

sábado, 29 de março de 2014

Chamar a atenção

O desconhecido juiz de direito ficou famoso. Os torcedores identificados, que invadiram o CT do Corinthians, mais animados para a invasão, agressão, e, quem sabe o assassinato, pelas ruas da capital paulista. Os torcedores normais que gostam de futebol, mais intimidados, mais desanimados, mais temerosos.

O juiz Gilberto de Azevedo de Moraes Costa, 33 anos de idade, da 17ª vara criminal de São Paulo, disse no final de sua sentença, ao mandar soltar os torcedores vândalos: 


Penso que o jovem juiz, sem nenhuma experiência das coisas da vida, aproveita-se de sua 'juizite', para o seu momento de glória, ao usurpar do poder, que lhe confere o Estado, vício fundamental descrito como pleonexia por Aristóteles ("Ações injustas são motivadas pela pleonexia"), e divertir-se às nossas custas, pago com nossos impostos, "jogando para a torcida organizada", agindo muito mais como um árbitro do que magistrado.

Talvez esse magistrado tenha dado ao povo uma boa ideia, qual seja, a de demonstrar a sua revolta como cidadão e apenas "chamar a atenção" do judiciário brasileiro: fazer com que os juízes honrem os salários que ganham fazendo, de fato, justiça.


Juscelino V. Mendes