Hoje fui me despedir de meu amigo Rubem Alves, que já não estava lá, porque sua alma já se fora. Vi apenas seu corpo inerte, corrompido pelas marcas do tempo e labutas da vida. De suas labutas e reflexões pretéritas ficaram coisas belas: filosofia, romance, ciência, e, sobretudo, poesia. O dia ficou cinzento, embora houvesse sol; ficou com jeito de chuva, embora o céu estivesse com o seu azul intenso. Paz e doçura ao seu sono, e, ao acordar, que se sinta, como ele mesmo dizia, "um barco desamarrado do cais"!
NÃO SEREI MAIS
Não serei mais
Acontecerá num voo qualquer,
automóvel,
guiando ou guiado,
pedestre
numa desatenção,
pensando no primeiro movimento
“Trois Gymnopedies” de Satie?...
Numa explosão no mar,
batida brusca,
um leve desaparecer,
lendo, escrevendo
um livro, cujas linhas sumirão
feito névoa?
Não serei mais
nada
quando ela chegar;
não será mais
nada
quando eu me for.
Contudo, estarei além do rio
em ruas de ouro
para sempre.
Juscelino V. Mendes
Um comentário:
Amigo Juscelino, confesso que até hoje, quando vejo alguns luvros de Rubem Alves, me emociono, recordo de nossas conversas por telefone e das palestras. Ainda sinto um vazio,em saber que nào haverá novas refkexões filosóficas, novos livros, novas paisagens pela janela. Um não retorno e terno.
Um abraço.
J. Boy
Postar um comentário