(Para Galdino Jesus dos Santos)
- In Memorian
- In Memorian
As chamas de almas mortas
Se movem. Mais um índio cai inerte
Envolto pelas flamas ignotas
De um desdenhar que perverte.
Almas que se ocultam entre chamas
Para destilar ódio, amargura, desdém
E, surdas, em suas tramas,
Não escutam um ser considerado ninguém.
Em meio àquelas labaredas, terminal
De sonhos, esperanças, calor...
De madrugada seca e infernal
Tudo vira tocha em macabro ardor.
(Vislumbramos a solidão do deserto
Que há em todos nós, que navegamos
Em mar vermelho e incerto
De tubarões gélidos que encontramos)
Era um Pataxó que quisera ser
Mendigo de suas próprias heranças
Destronado que fora dos sonhos de ter
Suas matas, habitadas de lembranças.
Recebeu sua parte comendo o pão
Buscado sob mesas fartas,
O seu pedaço de chão:
Em chamas, à semelhança de suas matas.
Juscelino V. Mendes
Se movem. Mais um índio cai inerte
Envolto pelas flamas ignotas
De um desdenhar que perverte.
Almas que se ocultam entre chamas
Para destilar ódio, amargura, desdém
E, surdas, em suas tramas,
Não escutam um ser considerado ninguém.
Em meio àquelas labaredas, terminal
De sonhos, esperanças, calor...
De madrugada seca e infernal
Tudo vira tocha em macabro ardor.
(Vislumbramos a solidão do deserto
Que há em todos nós, que navegamos
Em mar vermelho e incerto
De tubarões gélidos que encontramos)
Era um Pataxó que quisera ser
Mendigo de suas próprias heranças
Destronado que fora dos sonhos de ter
Suas matas, habitadas de lembranças.
Recebeu sua parte comendo o pão
Buscado sob mesas fartas,
O seu pedaço de chão:
Em chamas, à semelhança de suas matas.
Juscelino V. Mendes
- Eu, autor desse poema, sou neto de uma Pataxó Hã-Hã-Hãe, Ana Maria de Jesus, falecida aos 95 anos em 2003. Em reportagem de Marina Lemle, sob o título, "A caso e causa do índio Galdino, do Jornal do Brasil, a reporter faz citação deste poema, em 8 de novembro de 2001. Senti enormemente a morte de Galdino, como um ente muito próximo.
- Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=y1Hwf3KXKIc&feature=related
- Clique no título do poema e assista!
6 comentários:
Com muita honra inauguro os comentários ao trabalho, diria mais que isso - um presente à verdade - sobre um episódio esquecido pela "grande mídia", tão focada em futilidades mil, ao estilo BBB e outras tantas porcarias. Aliás, há algum tempo recebí de um camarada um e-mail onde noticiava-se que um dos algozes do Indio é hoje odontólogo de um Tribunal Superior ou Ministério de Brasília .... Parabéns Professor pelo POST !
Parabéns pelo post, Juscelino. Eles não só queimaram e mataram o índio, mas, assim como fez Rui Barbosa com os negros, destroem e queimam arquivos na história.
adorei o poeminha que vc postou lá!!
beijo!
Que falta faz a pena de morte no Brasil... A morte do indio Pataxó,
até hoje meu coração grita por justiça! Parabéns pela grande homenágem.
Um beijo
Meus queridos,
que bom saber que sentem comigo e fluem nesse poema feito brisa triste e melancólica.
Carinhoso abraço!
Juscelino querido irmão em Cristo. Adorei o poema e o blog. Abraço Tael.
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