sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Que saia o sol na paisagem!






"A loucura é sagrada, a vista uma ilusão"
(Heráclito, frag. 46)




Não será o choro um filme?
Cenas pretéritas em transe
E as lágrimas o morrer?
Concretude em gotas...
Se morrer quisesse, morreria?

Tal poder não tendo
O arrepender-se
Faz-se presente na ausência querida do ser

Por que se deseja uma canção triste?

Cão Andaluz (ii)
Em surrealismo poético da vida
Timorense:

Tétum (iii) , montanhas, sândalo,
Ouro negro, mármore azul,
Catarata de sangue nos rios
Restos de ternura boiando
Florestas menstruadas
Corações nunca escravos
Para o amanhecer de primavera
Desiderato de uma nação
Plantada na copa sombria das árvores.
Que saia o sol na paisagem
Ensolarada de um país!



Juscelino V. Mendes

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(ii) Primeiro filme de Luis Buñuel, "Un Chien Andalou", 1928.
(iii) Língua nacional (antiga) de Timor Leste.
Sobre o poema

(i) Fui colaborador nas causas timorenses e por sua luta de independência, finalmente conseguida, não obstante muito ainda tenha que ser feito para confirmá-la.

Um comentário:

João Francisco Mantovanelli disse...

É meu caro amigo, a identidade de um povo sendo reconstruída, aí a presença marcante do valor SOLIDARIEDADE, diria Paulo Freire: ESPERANÇA do verbo ESPERANÇAR: "O sol há de brilhar mais uma vez, do mal será queimada a semente. O amor será eterno novamente -Nelson Cavaquinho. Infelizmente o capitalismo selvagem, que destruiu um ideal de união e fraternidade com Canudos e Antonio Conselheiro... Parabéns por sua vivência exposta neste rico poema de reflexões sobre a vida em tempos de fragmentos.