"...Cada vez que eu me despeço de uma pessoa pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez. A morte, surda, caminha ao meu lado. E eu não sei em que esquina ela vai me beijar..."
(Raul Seixas¹)
Acontecerá num vôo qualquer,
automóvel,
guiando ou guiado,
pedestre
numa desatenção,
pensando no primeiro movimento
"Trois Gymnopedies" de Satie?
Numa explosão no mar,
batida brusca,
um leve desaparecer,
lendo, escrevendo
um livro, cujas linhas sumirão
feito névoa?
Não serei mais
nada
quando ela chegar;
não será mais
nada
quando eu me for.
Contudo, estarei além do rio
em ruas de ouro
para sempre.
Juscelino V. Mendes
______________________________________
(1) Epígrafe: trecho da letra "Canto para minha morte" de Raul Seixas e Paulo Coelho.Sobre a obra
Reflexão filosófica-poética sobre a vida, no dia de meu aniversário, sobre a morte e alem dela. Neste sentido, o último inimigo a ser destruido é a morte, conforme a 1ª Carta de Paulo aos Coríntios, 15.26. Se não serei mais, ela, tambem, não mais poderia me alcançar, daí a vitória definitiva. E não se enganem pelas aparências do poema. Gosto muito da bela música de Caetano Veloso:
Não é segredo
Araçá Azul fica sendo
O nome mais belo do medo
Com fé em Deus
Eu não vou morrer tão cedo
Imagem: http://www.overmundo.com.br/uploads/banco/multiplas/1222958391_meister_des_mausoleums_der_galla_placidia_in_ravenna_002.jpg
Nenhum comentário:
Postar um comentário